O Xingu está de luto!

Nesta segunda, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) concedeu a licença prévia para a construção da hidrelétrica de Belo Monte.

A licença traz vários condicionantes, contrapartidas e medidas socioambientais. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acredita que os condicionantes terão um custo de R$ 1,5 bilhão para o consórcio vencedor. Além deste valor para o atendimento dos condicionantes, deverá haver posteriormente a reserva de 0,5% do valor total do empreendimento para o que se chama de "compensação ambiental.”

A usina de Belo Monte tem trajetória mais tumultuada que as usinas de Santo Antonio e Jirau, no Madeira.  A resistência indígena ao barramento do Xingu, que consideram sagrado, ganhou fama internacional.  A previsão é que será preciso reassentar 19 mil pessoas e que o desvio de um trecho do rio complicará vida e biodiversidade em cem quilômetros de rio.  A viabilidade econômica do projeto e o valor da obra são contestadas.  O ambientalista Glenn Switkes, da ONG International Rivers, morto em dezembro, dizia que "ninguém conhece o real custo de Belo Monte."

Para os críticos, mesmo com 40 condicionantes Belo Monte é problema.  "Para mim, qualquer condicionante que seja peca pela raiz", diz o bispo dom Erwin Kräutler, há 45 anos na região e há 30 como bispo da prelazia do Xingu.  "Estou plenamente convicto que esta obra trará consequências imprevisíveis e irrecuperáveis para a região.  E não tem como mitigar."  Ele cita, por exemplo, danos ao porto de Vitória do Xingu, que abastece Altamira e toda a região da Transamazônica.  Foi a dom Erwin que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que ninguém teria que "engolir goela abaixo" a usina.  "Mas a partir daí, não teve mais diálogo", reclama o bispo.

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