Pressa da Petrobras na exploração do pré-sal ignora o princípio da precaução.

Divulgados recentemente pelo jornal O Globo, os planos da Petrobras para acelerar em três meses o cronograma de exploração do campo de petróleo de Tupi, no pré-sal brasileiro — fazendo com que extração do óleo coincida com o auge da campanha eleitoral – revela que a empresa estaria subestimando o risco de um acidente, como aconteceu no Golfo do México com a petroleira BP.
“Esta decisão da Petrobras de apressar o cronograma é preocupante, pois como a própria ANP já reconheceu, a exploração do pré-sal demandará a criação de um Plano Nacional de Contigência, para lidar com acidentes em campos submarinos,” disse ao blog Adriano Pires, um dos maiores especialistas do mercado de energia do país.
Contando com a participação da própria ANP, do Ibama e do Ministério da Marinha, o Plano Nacional de Contingência ainda não tem data para sair do papel.
Recentemente, a Global Renewable Fuels Alliance, a GRFA, instituição que representa 60% dos produtores de combustíveis renováveis produzidos mundialmente, divulgou um relatório no qual incluía o Campo de Tupi, localizado na Bacia de Santos, entre as 10 áreas de exploração offshore mais perigosas do mundo.
A justificativa dada pela GRFA para o alto risco de Tupi é justamente a camada de sal, de aproximadamente 2 km de espessura, que é similar em viscosidade ao lodo, uma formação geológica instável cuja exploração tem sido tradicionalmente evitada.
Por outro lado, é preciso reconhecer a competência da Petrobras na exploração de óleo em águas profundas e também que o acidente envolvendo a BP foi causado por uma série de erros, incorridos pela companhia britânica sobretudo por tentar economizar no setor de segurança.
Mas Pires vê similaridades entre o acidente da BP e o cenário do mercado de petróleo no Brasil.
“Em grande medida, o acidente da BP aconteceu porque as petroleiras conseguiram capturar a agência Minerals Management Service, o órgão do governo americano responsável por supervisionar a perfuração de poços no Golfo do México”, diz.
“Já no Brasil, a ANP foi capturada pela própria Petrobras e por partidos políticos, como o PCdoB e o PT,” conclui.
De fato, a pressa da Petrobras contradiz  o chamado “princípio da precaução”, enunciado durante a Conferência Rio 92.
Ele diz o seguinte: “a fim de proteger o meio-ambiente, a abordagem precaucionária deverá ser aplicada pelos Estados de acordo com a sua capacidade. Onde houver ameaças de danos sérios ou irreversíveis, a falta de certeza científica completa não deverá ser usada como razão para se adiar a adoção de medidas capazes de prevenir a degradação ambiental.”

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